domingo, 24 de julho de 2011

Um caminho com mais de 100 anos de história!

A muito tempo queria fazer este caminho em apenas um dia, já o tinha feito algumas vezes sempre com a casa nas costas (tudo que se precisa para pernoitar nos campos de cima da Serra no inverno), estou falando do Caminho dos Tropeiros, localizado na chamada Serra da Veneza, em Siderópolis, SC.

Este caminho possui 9 km desde a última casa ao pé da Serra até os campos de altitude, em um desnível de mais de 1.000 metros. Esta subida foi “pavimentada” com pedras por mãos escravas e que era utilizada por antigos tropeiros que conduziam o gado dos campos de cima da serra para o litoral.

Pois bem, eu, meu marido e mais 3 membros da ASGEM (Associação de Montanhismo da qual fizemos parte), grandes parceiros Marcelo, Luciano, Sid e sua cachorra Zara acordamos ontem bem cedo para iniciarmos esta odisseia.

As primeiras imagens já foram marcantes, pois nunca tínhamos visto tanta água, logo no início da trilha como desta vez. Já pra batizar tivemos que mergulhar os pés dentro do rio para fazer a primeira travessia. E isso quer dizer: pés molhados durante todo o trajeto (18 km, mais de 10 horas).




O esforço físico desta caminhada é intenso e exige um bom condicionamento, caso contrário é sofrimento na certa! Encontramos logo no começo da trilha um casal que subia com a casa nas costas, eram de Criciúma e pretendiam acampar lá em cima, já quase chegando no topo encontramos dois homens que subiam com mais um rapaz que já estava mais a frente e que desceriam a trilha ainda aquele dia.

O dia parecia perfeito, não estava muito frio, o sol apareceu durante todo o dia e o rio da Serra conseguiu fazer um cenário ainda mais belo, com muitas corredeiras, poços naturais e cachoeiras por toda a parte.




A cada passo que se dá a magia e o misticismo vão aumentando, na gruta localizada no lugar chamado de 3 pedras, uma vela já acessa nos remeteu a espiritualidade, e nos deu energia e perseverança nesta longa caminhada.



No último terço do caminho, as pedras ali colocadas a mais 100 anos ainda fazem parte do contexto, encaixadas uma a uma nos levam ao topo de uma caminhada de 5 horas por entre a mata atlântica da Reserva Biológica do Aguaí, vigiada por felinos, aves e pássaros de variadas espécies.




No topo o sorriso toma conta de todos, o visual é incrível e o cansaço perde a vez para o entusiasmo de ter vencido tão grandioso caminho. Lá em cima, nos escondemos do vento e fizemos um lanche para abastecer o corpo, pois a mente já estava totalmente anestesiada com o cenário.





Uma hora lá em cima foi o necessário para comer, bater fotos, meditar neste templo sagrado natural e nos despedir do visual alucinante que se tem de todo o vale.

Começamos a descer às 13:20h e logo nos primeiros passos comecei a sentir dor no joelho, que ia aumentando a cada degrau. Em função da dor, meus passos eram lentos e a descida ficaria comprometida se demorássemos muito. Cheguei ao ponto de não conseguir dobrar mais a perna esquerda, e numa descida isso não é nada fácil de fazer. Mas todos foram parceiros e ficaram ao meu lado até o final. Marlon não desgrudou de mim um minuto sequer e os outros iam me cuidando com os olhos e me oferecendo ajuda nos obstáculos mais difíceis.



Enfim escureceu, mas com o caminho gravado na mente nem ligamos as lanternas e logo avistamos os faróis do carro do Sid que apertou o passo e foi na frente buscar o carro para me buscar, me poupando da última subida para chegar até onde estavam os carros.

O céu nesta hora já estava estrelado e foi desta forma que nos despedimos do “Vale Encantado do São Pedro”. Uma parada no quiosque da Célia como de costume para um brinde e uma tábua de petiscos não podia faltar!

Obrigada a todos!

Até a próxima, se meu joelho deixar!

Larissa

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito boa a caminhada com os amigos.Fazia um bom tempo que não subia. Espero não demorar muito para repetir, assim que minhas pernas e as patas da Zara estiverem melhores.
Forte abraço e muito obrigado pela parceira nessa caminhada.
Sid e Zara