sexta-feira, 2 de março de 2012

Quarto (e ultimo) dia

Mais um dia!
Mesmo com uma dor no joelho que me acompanhou durante toda a noite e quase me tirou o sono e com a possível lesão no pé do Darlan, que antes de ir dormir mal podia caminhar, acordamos com um alto astral enorme, uma alegria interior imensa e uma vontade incrível de pedalar. As dores ainda existiam, mas foram sumindo ao longo de nosso “aquecimento”.
Saímos de Urubici (900m de altitude) rumo ao Morro da Igreja (1800m de altitude), na primeira (e única) 'perna' toda de asfalto do caminho, que porém para compenar, com uma subida de 17km.
Esta subida, como a do Rio do Rastro ou qualquer outra montanha íngreme, é um trecho onde se busca a superação, e que, ao final ao encontrá-la, somos recompensados com um dos visuais mais lindos de Santa Catarina. Ainda mais em um dia sem nuvens onde se podia avistar boa parte das escarpas da Serra Geral ao Sul, até os aerogeradores.
 
 
 Então... tudo que sobe, desce!
Ladeira abaixo, adrenalina a mil! Durante a descida outros pedalantes foram ficando para trás, nossa descida rapidamente é interrompida (infelizmente) no km10. Parada para o almoço na Cachoeira Véu de Noiva.
  
 
 

Almoço, descanso, aquecimento e... rumo a Serra do Corvo Branco, faltava pouco para descermos essa estrada mítica, que certamente assusta e encanta graças a toda sua imponência.
A felicidade de estarmos ali, completando mais esse grande projeto era incrível, praticamente inimaginável. E faltava ainda a descida.

Percorremos seus primeiros quilômetros lentamente, contemplando os paredões rochosos onde pode-se facilmente observar o derramamento basáltico sobre o arenito, além de seus vários picos e escarpas.
 
 

Mais alguns metros e um dos carros estoura o carter, fica sem óleo e é “abandonado”, para o seguro resgatar. Por conta desse “problema” tivemos que aumentar nosso pedal em 20 km, finalizando o ultimo dia dessa enorme aventura em Grão Pará/SC com 90 km percorridos.
Foram incríveis mais de 270 km percorridos em 4 dias em companhia de nossas esposas e filhos! Um obrigado muito especial a todos eles!
Bí, Diogo e Darlan, mais uma vez repito: Não haveria parceria melhor para realizar esta alucinante viagem de bicicleta. Muito obrigado!

Até o próximo pedal!

Marlon R. Silva

quinta-feira, 1 de março de 2012

Terceiro dia

Após uma boa noite de sono e descanso, tomamos um café reforçado e antes das 8:30h já estávamos pedalando rumo ao Parque Nacional de São Joaquim. Logo estamos na estrada que corta o Parque, entre Araucárias e Taipas centenárias vamos seguindo nosso caminho, e que caminho!
 
Havia muita expectativa quanto a este dia, principalmente em função da altimetria do percurso, que indicava relevos ainda maiores a serem vencidos. E assim foi!
Menos da metade do caminho percorrido e tivemos que trocar um pneu, o único furado ao longo de todo o percurso, provavelmente furado em função das pedras afiadas que “respingavam” da estrada durante o tempo todo, vidros e outros materiais (lixo) praticamente não eram encontrados pelo caminho, já que esta é uma estrada praticamente não utilizada. Cruzamos por pouquíssimos carros e pessoas, consequentemente por quase nenhum lixo.
Mais alguns quilômetros e passamos por uma casa de campo, no fundo de um terreno de onde um Sr. nos chama com muita vontade. Chama novamente e repete gritando: – “Cheguem: venham tomar uma água gelada!”. Relutamos para não perdermos mais tempo, mas não tivemos como recusar. Além da água o Sr., sua esposa e outro casal, nos ofereceram, sucos e balas. Como eles mesmos disseram “para repor a glicose”. Conversa vai conversa vem e descobrimos que os filhos de ambos também eram pedalantes, inclusive conheciam parte de nosso percurso. Ficamos descansando por ali em torno de 30 min. e então... mais pedal morro acima!
Novamente fazia um dia muito quente e em dado momento o ciclo-computador marcou 40ºC, que para a nossa Serra (a mais de 1000m de altitude) é uma coisa fora da realidade.
O dia estava lindo e o cenário era perfeito: avistávamos os Campos de Santa Bárbara, do outro lado, ao fundo os aerogeradores e a frente uma estrada de pedras sinuosa sob belos campos. –“Que cenário!”.
 
Agregado a este visual, tem-se o sentimento de estar no terceiro dia de pedal consecutivo, totalmente integrado à sua bike e as boas parcerias. Éramos “só dentes”, não havia espaço para coisas ruins naquele momento.
Mais um pouco e já estamos pedalando no asfalto, faltando apenas mais ou menos 20 km para chegarmos a Urubici, nosso terceiro e último pernoite.
Para chegarmos ao centro da cidade descemos algo em torno de 400m de altitude em aproximadamente 4 km, onde podemos atingir 80km/h, lavando a alma e completando mais um dia pedalando 61 km pelos campos de cima da Serra Geral Catarinense.

Até...
Marlon R. Silva